Era perto das 19h30 de anteontem, quando o bombeiro Osvaldo Piedade
Júnior, 44, foi abordado por dois criminosos e alvejado por ao menos
seis tiros. No chão, viu os bandidos passarem com o carro por cima dele
--socorrido, morreu no hospital.
Três horas depois, na região da praça da Bandeira (centro), o sargento
Luiz Antonio de Souza, 42, foi assassinado a tiros em um bar.
Com as duas novas mortes, chega a 86 o número de PMs da ativa e da reserva assassinados este ano no Estado.
Ontem, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em formatura de
sargentos, o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto,
disse que em 46 casos há evidências de atentado.
"São 36 policiais militares da ativa e dez inativos. Esses têm todas as
características de ataque e execução." Nas outras mortes, diz, as
motivações são diversas, como reação a roubo ou desentendimentos
envolvendo a vítima.
A ação que chamou mais atenção anteontem foi a morte violenta do
bombeiro Piedade, quando caminhava na rua de casa. O policial estava
aposentado havia dez anos por problemas de saúde.
Ele mesmo contou aos colegas que o socorreram que dois homem
estacionaram o carro ao seu lado e perguntaram se ele era policial. Ele
negou, mas os criminosos não acreditaram. "Você é sim", teria dito um
dos bandidos antes de atirar contra a vítima.
O bombeiro foi baleado no tórax, abdômen e pernas e atropelado.
"Atropelaram por querer. Por pura crueldade", disse uma vizinha do PM.
PCC X PM
Ontem, Alckmin disse que já foram identificados 149 criminosos
responsáveis pelos ataques, sendo que 103 estão presos, 28 foragidos e
18 foram mortos pela polícia.
"É uma ação intimidatória por parte do crime organizado", afirmou. Até
então, ele dizia não poder fazer ligação entre os casos e chegou a dizer
que havia muita "lenda".
Embora fale em crime organizado, Ferreira Pinto não admitiu ligação das
mortes com a facção PCC.
"O PCC nem precisa contratar agência de marketing, a imprensa faz o marketing deles", disse.
Sobre a suspeita de PMs estarem envolvidos em mortes de civis como
retaliação, disse que é uma hipótese. "Estamos averiguando cada caso de
civil morto com sinais ou características de execução. Não descartamos."
Segundo ele, o governo não irá compactuar com isso. "Colocar uma touca
para se vingar é tão vil quanto o bandido do submundo do crime."
Nenhum comentário:
Postar um comentário